sábado, 14 de agosto de 2010

A creatina!

Olá, Pessoal!

     Como foi sugerido nos comentários e por se tratar de um assunto que está causando um alvoroço enorme entre os praticantes de atividade física, principalmente os adeptos da musculação, vamos falar sobre a creatina.
     No dia 27 de Abril de 2010, a ANVISA (enfim) liberou a comercialização da creatina no Brasil. Desde então muitas pessoas desejam usar essa substância com os mais variados objetivos. Sabe aquele suplemento da moda? Pois então, a creatina voltou à moda, e tudo que é sinônimo de moda pode vir a ser usado de forma incorreta ou até mesmo desnecessária.

Mas o que é a creatina e como ela funciona?

     A creatina é um composto guanidínico (não uma proteína, tampouco um aminoácido conforme afirmam alguns autores) que pode ser sintetizado pelo nosso próprio organismo a partir de 3 aminoácidos (arginina, glicina e metionina).
     Nosso corpo utiliza vários meios para obter energia e realizar trabalho (movimento / atividade) de acordo com a rapidez com que essa energia é fornecida. O sistema ATP-CP (fosfocreatina) é o mais veloz nessa tarefa, porém também é o que se esgota mais rápido, com duração média de 10 segundos. Sendo assim, ele se torna o principal sistema de energia utilizado em exercícios de alta intensidade e curta duração.
     O ATP (Adenosina Trifosfato) é a moeda de energia corrente no nosso organismo (forma de energia que utilizamos para gerar trabalho). A equação é simples, nós temos um estoque de ATP armazenado nas células pronto para ser utilizado. A hidrólise do ATP – processo que quebra uma ligação fosfato liberando energia – gera uma molécula de ADP (Adenosina Difosfato). E onde a creatina entra em cena? Exatamente nesse momento. A creatina fica armazenada no músculo sob a forma de creatina livre (~33%) e Fosfocreatina (~66%), sendo esta última a responsável pela regeneração do ADP em ATP, disponibilizando energia novamente para a célula. Resumindo, a fosfocreatina permite a reciclagem de ATP. Além disso, a creatina livre também se transforma em fosfocreatina, podendo participar desse processo.
     A ideia por trás da suplementação de creatina é aumentar esses estoques de creatina livre e fosfocreatina para aumentar o tempo de fornecimento rápido de energia para a célula (em até 10 segundos), consequentemente aumentando o desempenho, a força e adiando a chegada da fadiga, como nos exercícios de levantamento de pesos, musculação, 100m rasos, entre outros exercícios de alta intensidade e curta duração.
     Outro papel fundamental da creatina no auxílio ergogênico é o aumento da síntese (formação) de proteínas, base para a constituição do músculo. A creatina leva água para dentro da célula e esse “enchimento” aumenta a síntese de proteínas e também de glicogênio, por constituir um sinal anabólico para a célula. Esse aumento na retenção hídrica celular causa o que chamamos de “inchaço”, deixando a pessoa literalmente inchada durante o uso da creatina, porém esse efeito é perdido em torno de 1 mês após a interrupção de uso, tempo necessário para os estoques de creatina e fosfocreatina musculares voltarem ao normal. O que resulta desse processo é um músculo maior e mais potente.
     Muito bem, agora que já sabemos como a creatina suplementada atua no nosso organismo, resta saber como suplementá-la, certo?! Isso é assunto para o próximo post, onde abordarei também os possíveis riscos, precauções e contraindicações do uso da creatina.

Um abraço e até breve!

7 comentários:

  1. Brunooow! Você vai escrever um livro depois desse blog... Explica super bem para leigos! E sem deixar a linguagem cientifica de lado! Pxxxx... Morro de orgulhooo!!

    Isso aqui vai BOMBAR!!! Muito sucesso amigo! ;*

    Ah sim... quero essa creatina aí pro meu projeto verãp saradão 2012 (pq pra esse verão já não dá mais tempo! hahaha)

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  2. E a Creatina de Cavalo? é a mesma coisa?

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  3. Anônimo,

    A creatina de cavalo é a mesma creatina encontrada no nosso músculo. Ou seja, a creatina "de cavalo" só é "de cavalo" porque é feita por uma empresa que vende produtos veterinários.

    Você pode tomar sim esse tipo de produto (creatina) fabricado para animais pelo fato de se tratar da mesma substância, ok?

    Agora, há uma marca bem famosa que comercializa a creatina com outras substâncias, como a glicina, a betaína e o cromo para animais. A quantidade recomendável dessas substâncias para o nosso organismo é excedida com a dose desse produto, principalmente se for feita a fase de saturação da creatina, mas isso é assunto para o próximo post!

    Fique ligado!

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  4. Parabéns pelo blog cara, você escreve muito bem.
    Também estou cursando nutrição na federal, mas ainda estou no 2° semestre, você está em qual?Ta achando oq do curso?
    abraço

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  5. Olá, Rafael!

    Estou no 6º semestre agora. Legal sermos colegas!

    O curso é bem legal, mas você só vai começar a gostar de verdade a partir do 5º semestre.

    Aproveite e se aplique em bioquímica enquanto pode se quiser seguir essa área de esportiva. Pode parecer que não tem nada a ver nesse momento, mas acredite, vai fazer total diferença quando você chegar mais longe.

    Continue participando do blog, beleza?

    Abraço,

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  6. Parabéns Bruno o blog esta muito bom e sua explicação esta otima.Estou fazendo um apanhado de infromaçoes sobre esse assunto ja que meu tcc será sobre isso. Sou estudante de Bacharel em quimica com atribuição tecnologica em produtos naturais pelo IFRJ, e resolvi unir o util ao agradável, prazer com o trabalho , ja que sou atleta tambem resolvi pesquisar a fundo sobre o assunto e encontrei o que eu precisava para definir minhas pesquisas. Abração

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  7. Faet,

    Muito legal saber que o blog ajudou na sua pesquisa.

    Se quiser, tenho um compilado enorme de artigos referentes à creatina. É só entrar em contato comigo através do e-mail brunodac@gmail.com

    Abraços,

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